Recruta Zero - Rir do Modo Militar!

Há muito tempo que não me divirto com as tiras de Jornais do Recruta Zero ou mesmo com seu desenho animado. Porém, não posso deixar de relembrar o quanto esse personagem foi significativo para mim - antes e principalmente depois do Exército.
Sim, para aqueles que não sabem, eu servi ao Exército Brasileiro na turma de 94. Era Soldado do Exército - PE. Logo, existe para mim um Recruta Zero antes e depois do exército! O que era meramente divertido na infância se tornou uma tragicômica lembrança do período militar.
Tenho muitas histórias engraçadas para contar sobre meu tempo no exército. Inclusive já tem até uma postagem sobre uma delas : Click aqui para ler texto sobre meu período na PE .
Apesar de alguns paralelos que pretendo adicionar, nossa história de hoje é sobre o Recruta Zero. Então, vamos a ela!

Mort Walker criou o personagem em 1951. Porém o fez como um estudante universitário. O sucesso só aconteceu quando o personagem entrou para o exército (sim! No início Zero não era militar!).
Aproveitando da onda patriótica que surgia nos EUA durante a guerra entre as Coréias (Coréia do Norte invadiu a Coréia do Sul e os EUA foi aliado do Sul enquanto a Rússia era aliada do Norte) - Mort Walker pegou carona nos eventos para impulsionar seu personagem. Deu mais que certo! Ninguém se quer se lembra de Bailey em seus primórdios. Beetle Bailey como foi rebatizado no original americano e aqui conhecido como Recruta Zero.

(Essa, além de capa de uma das revistas é também uma forma que sempre imaginamos como são feitas a comida no quartel!)

Trata-se de um recruta recém alistado, preguiçoso e cheio de artimanhas para fazer... Nada! Sim. O objetivo de Zero é fazer absolutamente nada.

Até a adolescência isso era meramente engraçado. Mas então veio o período militar - aquele em que os jovens de 18 anos precisam se alistar - e que no meu caso, acabei servindo! Então, tudo começou a fazer sentido!
Quem, aos 18 anos quer se empenhar no serviço obrigatório do Exército? Bom... Não eu! E pelo que me lembro, ninguém da maioria da turma que serviu comigo.

E por falar em turma, Zero faz parte de um batalhão muito atrapalhado! O que nos leva seguinte pergunta: Quem não fez?
Apesar de ser ele o protagonista e todos de alguma forma se identificar com ele, há muitos outros que seriam peças chaves no elenco.

(Sargento Tainha e Dentinho)

Ambos personagens de peso na trama - no caso do Sg. Tainha isso é mais evidente (eu sei).

Sg. Tainha: Um gordo comilão que tinha um prazer imenso em tratar mal seus subordinados.

Recruta Dentinho: O mais burro do quartel! Capaz de destruir o batalhão com as tarefas mais simples - se não for supervisionado.

Platão: O intelectual da Turma porém tão preguiçoso quanto!

Cosme (ou Cosmo - Depende da época): Viciado em jogos, sempre trapaceando nas tarefas.

Roque: O Revoltado do quartel! Administra o Jornal clandestino é do tipo revolucionário. Está sempre criando polêmicas.

Este é o Quindim. O "pegador" do quartel. Não importa a missão, tem uma mulher por perto, ele esquece seu objetivo e vai pra cima!

Este é seu Cuca! Sem piadas de duplo sentido, ok! O responsável pelo rancho do quartel (a cozinha).

Ele é responsável pela falta de apetite de todo o Batalhão! Basta vê-lo cozinhando...

Tenente Mironga: Um dos Primeiros desenhos com a representação de um negro nos anos 70.

Isso já (na época) era tido como inclusão, para outros mera cota representativa.

Vamos dizer que tenha sido o início de um futuro promissor de igualdade racial - apesar de ser o único em todo batalhão e ainda estarmos longe dessa igualdade.

Capitão Durindana: Aparecia raramente nas revistas ou nos desenhos animados. É algo raro nos quarteis. Trata-se de um Capitão preocupado com o bem estar das tropas! Será que existe?

Gizmo: Especialista em informática e parte do Pelotão de Comunicações. O Nerd do Quartel.

Surgiu bem tarde (2002), mas foi um personagem bem ativo nas tirinhas devido a busca por identificação com a tecnologia que sempre está em crescimento na sociedade.

General Amos Dureza: O Comandante do Batalhão. Mais preocupado com Golfe do que com as tarefas militar, encantado por sua secretária Dna Tetê (mesmo sendo ele casado com a megera Dna Martha) - as revistas eram menos politicamente corretas não acham?

Otto: Mascote do quartel e fiel companheiro do Sg. Tainha. Sua participação é até coerente se pensar que há o pelotão de Cães de Guerra. Soldados com cães farejadores e treinados para combate.

Feito as devidas apresentações, vamos aos paralelos:

Na prática, cada soldado tem alguma das características de cada um desses personagens e não apenas um só. Para preservar a integridade e identidade dos companheiros de guerra, pretendo apenas identificar situações em que vejo muito comum com as apresentadas nas revistas do Zero.

Não temos plantações em nossos Batalhões (não que eu saiba). Mas sem querer forçar a barra, o paralelo que podemos fazer esta no treinamento de sobrevivência na selva.

lá recebemos instruções de como conseguir alimentos (inclusive como identificar raízes comestíveis).