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Tommy, o disco do The Who, foi lançado em 1969. Foi considerada a primeira Ópera rock da história. Apesar disso, há fontes de que algumas bandas já tinham lançado discos nesse formato. O próprio The Who tinha no álbum A Quick One, uma faixa chamada "A Quick One, While He's Away", dividida em seis partes, que já apresentava o que conheceríamos como o estilo. Ainda assim, Tommy é considerado o percussor da Ópera rock.
A Ópera rock é uma obra em que as músicas contam uma história e estão ligadas entre si. Geralmente podem abrir caminho para uma interpretação teatral e, também, para filmes do gênero Musical.
A primeira música do disco é "Overture" (abertura), uma apresentação da obra, faixa instrumental que mostra um pedaço das músicas mais importantes do disco, com "1921" e "See Me, Feel Me". O que transpõe uma música para outra são instrumentos de sopro. Como isso é um recurso antigo, nos lembra mais hinos de futebol ou marchinhas de carnaval. Logo, Pete Towshend substituiria esses instrumentos pelos sintetizadores, como na Ópera rock seguinte, Quadrophenia (1972) ou na trilha sonora de Tommy (1975). Logo emendada, vem "It's a Boy" em que a enfermeira avisa à Sra. Walker que ela teve um menino. "Um filho, um filho...", é complementado. A Sra. Walker perdeu seu marido na Primeira Guerra.
Em "1921" ela já está com outro homem. Ela acha que 1921 será um bom ano, "especialmente se passarem juntos", enquanto a música está muito tranquila e bonita. Mas logo o clima se torna de desespero: "E quanto ao menino? Ele viu tudo!" e depois o casal repete "Você não ouviu, você não viu, você não dirá nada...", entre outras coisas. Depois de tanto ouvir isso o menino Tommy fica surdo, mudo e cego, como é afirmado em "Amazing Journey":"A doença com certeza levará a mente, onde as mentes normalmente não podem ir". "Sparks" é uma linda música instrumental que vem em seguida. No filme Quase Famosos de Cameron Crowe, é ela que toca quando a irmã do protagonista diz "quando ouvir Tommy, ouça no escuro e acenda uma vela".
"Christimas" mostra a indiferença do pequeno Tommy enquanto todas as outras crianças estão tão felizes devido ao Natal. "E Tommy não sabe que dia é hoje, não sabe quem foi Jesus ou o que é rezar...".
Vale lembrar que as músicas nesse início são cantadas pelo Pete Towshend que tem uma voz mais dramática e triste. As músicas são cantadas de forma harmoniosa como eram as gravações nos anos 60, com Beatles ou The Byrds. O estranho que soam bonitas e esperançosas quando são exatamente o contrário, como em "Cousin Kevin", talvez o momento mais triste do disco. Tommy é deixado com seu primo Kevin e é torturado de várias maneiras. "Eu colocarei vidro no seu jantar, e tachinhas no seu assento".
"The Acid Queen" é sobre uma cigana chamada Rainha do Ácido que vai "endireitar seu filho se ele não é o que deveria ser". "Me dê apenas uma noite". Isso muito provavelmente vem do clima das drogas lisérgicas e da Psicodelia da época.
"Underture" é outra longa faixa instrumental que fechava o primeiro disco. Puro Rock n' Roll, com certeza era um arraso nos shows.
A mãe pergunta para o padrasto, "você acha que está tudo bem, deixar o garoto com o tio Ernie?" antes de começar "Fiddle About". A música tem ritmo de trilha de suspense ou terror. "Sua mãe me deixou aqui para vigiar você / Agora estou fazendo o que quero".
Em "Pinball Wizard" o jovem Tommy já é o mago do Pinball, uma celebridade que é insuperável no jogo das máquinas das bolinhas prateadas. Essa que é a música mais famosa do álbum, é cantada por Roger Daltrey.
"See Me Feel Me" é a música chave do disco, ela só acontece no final mas aparece em outras músicas como "Christimas" e "Go to the Mirror", essa que narra o momento em que procuram um médico especialista, que recomenda que o jovem vá até o espelho e, em seguida o quebre como ocorre em "Smash the Mirror".
"I'm Free" (outro sucesso do disco) é o momento de cura de Tommy. Agora ele está com seus sentidos recuperados. "Estou livre, e estou esperando que você venha me seguir"
Seguir...é exatamente o que acontece, Tommy passa a ter muitíssimos seguidores, como se fosse um novo deus. Em "We're Not Gonna Take It" ele está rodeado de seguidores e os ordena que joguem pinball como ele o fazia, sem falar ver ou ouvir. Os seguidores se rebelam e dizem que não aceitarão aquilo. Finalmente entra "See Me Feel Me" e o disco se encerra de forma belíssima.
Tommy foi um enorme sucesso, foi considerado uma Obra-prima e foi incluído em várias listas de Melhores de Todos os Tempos. Ganhou três discos de Platina nos EUA e tem vendas estimadas em vinte milhões de cópias. Foi incluído no Hall da Fama do Grammy.
O grupo apresentou a Opera rock em turnês e foi encenado com a Orquestra Sinfônica de Londres. Se tornou um musical da Broadway em 1993. E chegou aos cinemas em 1975, sobre o que falarei também.
O Filme
Tommy, o filme foi dirigido por Ken Russell e lançado nos cinemas em 1975. Tinha como ator principal o vocalista do The Who, Roger Daltrey. A banda aparece no filme e o baterista Keith Moon interpreta o papel de Tio Earnie. O filme tem um elenco de estrelas como Ann Margret, Jack Nicholson, Oliver Reed e participações de Eric Clapton, Tina Turner e Elton John. Ann Margret foi indicada ao Oscar e venceu o Globo de Ouro pela incrível atuação.
O filme começa num lindo pôr-do-sol.O casal faz amor numa cachoeira. Logo depois, cenas de ameaça nuclear. A música que rola é "Overture", só que não é mais orquestrada, tem sintetizadores. Vemos que o Capitão Walker morreu num acidente aéreo. Sua esposa está dando à luz: "e um menino, Sra. Walker...". Dessa vez "a son" (um filho) rima com ''we won" (nós ganhamos) já que do lado de fora se celebra a vitória da Segunda Guerra (o disco se passa após o término da Primeira Guerra).
Tommy é uma criança normal. Sua mãe o leva para um acampamento de férias do Frank, com quem ela passa a se relacionar amorosamente. Numa noite quando vão dormir juntos ("1951 vai ser um bom ano") o Capitão Walker reaparece e acaba sendo morto por Frank. "E quanto ao menino? Ele viu tudo...", diz a mãe. "Você não ouviu, não viu..." de tanto repetirem essas frases o menino perde os sentidos e fica incomunicável. Durante "Amazing Journey" ele está num parque de diversões com a mãe e o padrasto. Não sente nenhuma emoção, a não ser quando entra em contato consigo mesmo, se vendo de diversas maneiras e sentindo a presença do pai. "A doença leva a mente onde as mentes normais não podem ir".
Quando Tommy já está adulto, sua mãe o leva a uma missa de cura. Eric Clapton é o padre. Marylin Monroe é a santa milagrosa, já que há uma enorme estátua de sua imagem. Em outra sequência, o padrasto o leva para uma cigana, a Rainha do Ácido (Tina Turner) que promete que vai endireitar o jovem. "Me dê uma só noite".
Quando o casal precisa sair, deixam o jovem com os parentes. "Você acha que está tudo bem, deixar Tommy com o primo Kevin?" O primo é um sádico e se diverte torturando Tommy de diversas formas. Bela interpretação do jovem que faz o primo (quando eu vi o filme com 12 anos pensei que era o Billy Idol). Quando deixam o rapaz com o Tio Earnie (Keith Moon), o clima e a música são de terror. As luzes se apagam e o que se ouve são gritos, risadas e gemidos.
Tommy se perde da família e é encontrado num lixão. Lá ele encontra uma máquina de Pinball e descobre sua incrível habilidade. Logo se torna uma celebridade e ganha fama e riqueza. Elton John canta "Pinball Wizard" e é derrotado por Tommy num torneio.
O padrasto descobre um famoso médico e levam Tommy para vê-lo. O doutor, vivido por Jack Nicholson, diz que o menino deve ir "ao espelho".
Após a cura, Tommy vira "Uma sensação", como ele mesmo canta, capaz de unir jovens de diferentes gangues que antes queriam acabar umas com as outras. Muitos jovens o seguem como um Messias, mas o resultado acaba sendo trágico. Por fim, nota-se a mesma paisagem natural do início, e o mesmo belo pôr-do-sol.
Para Cyntia Aurelia (Cyntilante) e Marcia de Oliveira Alves (minha irmã)
Francisco de Oliveira Junior
Tags: destaques
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Lindo e assustador! Foi minha percepção de Tommy quando o vi. Belo texto. Parabéns Juniores.
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