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Chiclete com Banana: Quando política, sexo, drogas e Rock'n Roll eram coisas sérias no Brasil!


Houve um tempo onde era possível se fazer piada com quase tudo no Brasil! Não havia tanto "mimimi"! E as próprias piadas eram tão sérias que poderiam revolucionar o cenário cotidiano do país. Foi neste tempo que surgiu a Chiclete com Banana! E é sobre este tempo ( ou melhor, sobre essa revista) que faremos nossa postagem nostálgica de Hq's da semana.

Vem comigo!

Na década de 80, seguindo o conceito norte americano de satirização da cultura pop (como a revista MAD), os cartunistas brasileiros usaram o humor para fazer crítica política e crítica social.
No entanto, não foi a revista MAD o propulsor da revista Chiclete com Banana! Foi O Pasquim!


O Pasquim surgiu em 26 de Junho de 1969 e tinha como alvo o regime militar. Suas piadas eram sempre questionando e ironizando o modelo político da época.
Chamado de contracultura, O Pasquim surgiu como um meio alternativo para a expressão cultural (tão calada e vilipendiada na época).

(Henfil - O grande cartunista, jornalista e escritor brasileiro por trás do Pasquim)


O sucesso e a irreverência do conteúdo mostrou ser apreciado por todos os cidadãos comuns do país e por isso, apesar da revista MAD ser mais antiga (1952), é evidente a influência dessa revista para a nova geração de cartunistas nacionais.

Glauco, Angeli, Laerte e Luiz Gê são os protagonistas do projeto da editora Circo para a Chiclete.
Alguns destes, assim como os idealizadores da Pasquim começaram com tiras de jornal. O que deu uma espécie de "formato" para o conteúdo da revista.
Grande parte do material produzido eram de três tiras (como nos jornais da época).


Piadas como essa (acima) devem ser proibidas nos dias de hoje! E não sei dizer o quanto isso é bom ou ruim!
Satirizar com questões como a sexualidade foi (e entendo que ainda é) um meio de tratar com o tema sem deixar o ambiente "pesado" e/ou sacro-santo! Um tabu!
Ainda na questão sexualidade, o sexismo foi também um tema não perdoado pela chiclete!


 Mara Tara foi uma quebra de paradigmas! Assim como Rê Bordosa.

Colocar uma mulher como personagem principal num contexto relacionado a liberdade sexual e subversão é no mínimo uma inclusão social! Há mulheres tão sexualmente ativas e sem os pudores impostos pela sociedade quanto homens!
O curioso é que essa quebra com os "princípios familiares" e religiosos não formaram uma geração de depravados e inconsequentes sexuais (como o senso ordinário tentava supor)! Ao contrário! O mundo religioso teve um "boom" nas décadas posteriores.

Detalhe: O cara matou a "galinha dos ovos de ouro"! Matou a personagem!




Outra sacada importante da equipe da Chiclete foi rir dos dogmas mas também rir dos anti-dogmas!
Não havia limites para a zoação! Todos eram alvos!
Wood & Stock por exemplo, são bárbaros! Eles representam a geração anterior que acreditava no Rock, paz e amor, sexo drogas e outras bobagens! Vivendo pós sonho juvenil!


Até os próprios desenhistas se tornaram personagens da Chiclete!


E cá entre nós - é hilário!
Chiclete com Banana foi o politicamente incorreto! E, falando de política!



(Seria profético?)

Os próprios cartunistas não eram assim, bem definido politicamente (de acordo com eles mesmos!). Porém, como se mostra evidente em nossos dias, não é necessário ter uma formação política clara para perceber que está tudo uma porcaria!
Foi com essa percepção que a turma da Chiclete começou suas críticas políticas.
O cunho político era inevitável (se não necessário) devido as grandes questões e mudanças que surgiam no cenário.
Por mais que estes não estavam interessados em fazer política, a política é (e parece que sempre será)  uma piada pronta!
Cada Eleição ganhou seu cartoon político!



E é tudo tão atual que nos questionamos se na verdade não estaríamos revivendo as antigas políticas com novos personagens! Ou velhos...


Nossa postagem não tem cunho de valor político. Só apresentamos as piadas.
Mas o assunto é Chiclete com Banana!

São tantos os personagens que é difícil apresentar todos em uma única postagem.
O astro principal - que é responsável pelo sucesso da revista é Bob Cuspe!


Uma espécie de Urbano Punk que enxerga tudo e todos mas se isola da realidade por não suporta-la!
Sempre que alguém tenta apresentar seus motivos para sua própria rebeldia, Bob cospe nele!
Ele não quer criar uma revolução! Não quer uma tribo! Ele quer viver nos esgotos, sozinho com revolta contra a humanidade como um todo!

Há também os Skrotinhos.

Rê Bordosa (que já citamos) e Mara-Tara (que também já citamos).

Por essas e outras, acho que essa nostalgia é boa.
E por que acabou?
Tudo têm sua época, linguagem e proposta.
Foi cabível numa época de transições e de expectativas para o futuro! Ou ainda, uma desilusão futurista!
Acabou em 1991.
Alguns tentaram ressuscitar (não a revista) os personagens, mas o grupo como um todo disse não!
O próprio Angeli se mostrou avesso à uma repaginada e/ou continuidade para esse trabalho.
Apesar disso, muitos personagens ganharam revista própria na época.
Los Três Amigos, Piratas do Tietê, Geraldão e por aí vai...
A questão mudança de apresentação - Banca de jornais para livrarias - foi um quesito importante na escolha dos quadrinistas.
A percepção de que o mundo mudou, o público estava mudando e com elas as possibilidades.

Quanto ao conteúdo da revista - isso também é um conceito de época.
Meu filho (agora com 10 anos) desde dos 7 jogava God Of War! Extremamente violento (na minha opinião)! Mas todos os amiguinhos dele jogavam esse jogo!
Meu filho não é mais (nem menos) violento por tê-lo jogado. O comportamento em casa (entre os pais, como família) contam mais do que um jogo, uma revista, um filme...
Não há mais pedófilos e/ou desequilibrados sexualmente por causa das Porno-chachadas dos anos 80.

Dizer por exemplo que a internet é um veículo para a desintegração familiar, não é verdade!
O uso (ou melhor), o mal uso o é!
A leitura - seja de quadrinhos ou de livros nunca desintegrou ninguém de coisa alguma! Se o fez, foi por uma mudança de valores, percepção da vida e conceitos.

Como enfatiza esses quadrinistas em sua obra:
Mudanças sempre ocorrerão. Esteja a pessoa preparadas para ela ou não!
Goste o Status Quo ou não!
Dito isso! A vida dos quadrinistas não foram assim... Tãããoo normal como das pessoas que leram seus quadrinhos...

Glauco Villas Boas: Entrou para uma seita do Santo Daime.
Em 2010 foi morto supostamente em um assalto (os motivos ainda não são esclarecidos).
Glauco virou um sacerdote do santo Daime e (dizem) que um seguidor da ordem o matou. O filho do Glauco também morreu nesse episódio em sua vida.
As dúvidas sobre a motivação não minimizam a perda...


Os valores (religiosos em questão) não são defendidos por nós do Geekmente.

Laerte Coutinho: Optou pela vida pública de crossdressing - um homem que gosta de se vestir de mulher!


Neste segundo depoimento ele trata sobre a questão inclusão de forma mais significativa.

Arnaldo Angeli Filho: ou Angeli (como é conhecido), após 33 anos fazendo as tirinhas da Folha Ilustrada (diariamente!), se despende do Jornal!


De acordo com a matéria da Folha de São Paulo, Angeli sofria de depressão. O que afetava sua "veia artística". Chegando a ficar sem idéias sobre o que desenhar (também, pudera! 33 anos desenhando diariamente!).
Entre os amigos citados, este parece ser o menos afetado com as mudanças pessoais e/ou sociais (apesar do quadro de depressão).
Agora com 59 anos, recomendado (fortemente) pelo seu médico e amigo (Drauzio Varella) a parar de fumar!
Mas este não é o fim das ilustrações de Angeli.
Parece que ele continuará por dois dias da semana.

Em fim...
Comecei esse texto lamentando os "mimimi's". Por que sou de uma época onde se era possível e/ou necessário falar sobre tudo!
Hoje as questões, os dizeres são repletos de melindres... Vai agradar o grupo A, vai desagradar o grupo B...
Me parece que hoje, há um grupo muito mais diversificado! A, B, Y, Z...
Os "agrados" ficaram mais restringidos e os de-sagrados maiores!
O que faremos? Diremos no particular - entre aqueles que são iguais (ou finge ser), coisas do tipo: - Eles! Aqueles! Aquelas! Aquilo... Ou traremos para dentro de casa essas mesmas questões?

As questões vitais que envolvem dois dos Los Três Amigos - mexem com a gente!
Mas, ainda vejo suas histórias como pontuais - ou seja - não regras.
Ainda que fosse! Cabe a nós a pergunta (quase tola):  Foi o que ele leu e/ou escreveu que o levou para esse caminho?
Ler ou ter lido Chiclete me torna alguém comportonalmente subversivo? "Fora da caixa"? Viado?
Não!
Falo com enfase no "não"!

Chiclete com Banana, tinha em vista nós e eles!
Quem eram os "nós"? O povo brasileiro! Quem eram os "eles"? A elite e/ou os governantes.
Era simplista - sim! Mas era também mais fácil saber qual o público alvo!

Alguém já disse essa semana e postou:
Tenho medo de dizer que odeio cebola!
Porque é provável que surja um grupo de opositores que diga: - Somos todos cebolas! Chore quem quiser!

Parece que estamos vivendo um mundo de prós e contras! Quando na verdade, nosso problema é outro.
Nosso mundo tem um problema governamental sério! E uma diversidade de valores não tão séria assim!
Se esse e/ou aquele é diferente dos meus costumes? Quanto isso importa?
Fulano ama Pablo Vittar! (eu detesto!) - e daí?
Ah! Mas isso influência meu filho na escola!
Sabe quem os filhos seguem ou renegam de verdade? Os pais!
Não é o professor, os amiguinhos, a música, a literatura ou os gibis que fazem isso! São os pais!
É amigo... Têm hora que você vai se questionar: - Que mal eu fiz?... E com razão!
Mas, como o mundo não deixou de ser mundo e as pessoas não deixaram de ser pessoas! Haverá horas onde você fará os mesmos questionamentos e seu próprio filho poderá dizer: - Não pai! Não tem nada a ver com você! São escolhas minhas!

(Meu filho de 10 anos curti funk! Aquele do Rio de Janeiro! Eu não tenho a menor dúvida de que nunca fiz nada que o fizesse gostar disso!)

Tudo isso para dizer:
Não há homofobia no Geekmente, nem sexismo, nem racismo nem politicagem!
Não há contras e nem a favor (nesse caso específico) ao que se refere a nossos textos.
Espero que tenha sido claro quanto a isso!

Mas, de novo, nosso assunto não era educação, menos ainda influências de qualquer tipo!
Nosso assunto era Chiclete com Banana - a obra!
Dizer que a Chiclete tratava política, sexo drogas e rock 'n roll como coisa séria é obviamente uma piada! Ou não? Depende da ótica.
A forma "séria" como estes assuntos vêm sendo tratados ultimamente é que parecem realmente uma piada!

O valor da obra continua sendo nossa ênfase!
Procurei alguém que tenha tido a ousadia de falar sobre esses cartunistas e/ou sobre a Chiclete com Banana... Ninguém o fez. Somos os primeiros!

Espero também ter agradado Gregos e Troianos.
É difícil - eu sei!
Mas quem posta, corre o risco!

Comente com a gente!
Divida sua ideia, opinião, saudade, conceito...

Estamos abertos a ouvir.

OBS: Vai sair um filme sobre a Rê Bordosa!

Quando?
Como?
Quando eu souber, eu tê conto!

Autor: Herbert Adomeit.


2 comentários:

  1. Eu também tive a sorte de ter vivido esses tempos loucos de humor, onde não havia limites para o humor, e a Chiclete com Banana atirava para todos os lados. Sou fã do trio de ouro de cartunistas incríveis. Quero parabenizar o Herbert por representar nossa geração órfã dos anos 80, e saber que nosso blog é o primeiro a homenagear essa lendária revista, é motivo de muito orgulho e satisfação.

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  2. Gostei muito do artigo Herbert, me fez lembrar os meus 16 anos, quando conheci a revista, que me tornei fã logo de cara. Era uma revista de humor, mas também era crítica, e me ajudou a me tornar esse cidadão crítico que sou hoje em dia. Parabéns pela homenagem a revista, pois eles merecem e sempre fui muito fã, principalmente do Laerte e do Angeli.Um grande abraço Herbert e mais uma vez, parabéns.

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