Depeche Mode no Brasil, 24 anos depois

  2018 mal começou e já tivemos mega shows de arrepiar como Phil Collins, Foo Figthers + Queens of the Stone Age...daqui a dois dias tem Lollapalooza, com Pearl Jam, Red Hot Chilli Peppers, The Killers, entre outros. Em abril tem Radiohead. Mas o mais aguardado por mim (e mais alguns milhares de fãs) é sem dúvida o Depeche Mode.

  Faz quase um ano que a vinda do grupo ao Brasil foi anunciada, o que me deu um certo receio já que a banda cancelou duas vindas seguidas, em 2010 e 2014. A primeira e única vez que vieram foi no já longínquo ano de 1994, no já extinto Olympia, que cabia no máximo cinco mil pessoas (foram duas noites). Eu estava lá, tinha 16 anos  e era absolutamente maluco pelo álbum Songs of Faith and Devotion, que era o da turnê em questão. Desta vez tocarão no Allianz Parque, para um público que pode  ser de mais de quarenta mil fãs. Como esse é o único show da turnê no país, acredito que fãs de vários estados podem lotar a arena facilmente.

  O Depeche Mode é considerado o maior artista de Música Eletrônica de todos os tempos, à frente de outros maravilhosos como Kraftwerk, Pet Shop Boys, New Order, Nine Inch Nails e Björk. A banda foi formada em 1980 e nos primeiros anos era um grupo de Synth-pop, ou Tecnopop (como o estilo era chamado na época) e teve uma carreira brilhante, álbum após álbum e o sucesso era cada vez maior; contrariando os demais grupos do mesmo estilo e época, que conseguiam ter alguns hits e depois eram esquecidos como Gary Numan, Human League, Soft Cell, Talk Talk,Yazoo e Erasure, e Yazoo, entre outros. Esses dois últimos tinham Vince Clarke, um dos fundadores do Depeche, mas que saiu depois do primeiro disco, Speak & Spell de 1981. Com os anos o som da banda ficou cada vez mais original e próprio; e foram da pura Música Eletrõnica ao Dance, Rock, Alternativo...é também um dos grupos mais influentes.

  O Depeche entrou na minha vida entre 1988 e 89. "Strangelove" fazia parte da trilha sonora da novela da Globo, Bebê a Bordo, de 88 (me lembro que tina INXS também). "Strangelove" estourou nas rádios, e depois, um hit deles de 81 finalmente estourou por aqui, "I Just Can't Get Enough". Em 89 saíram os discos The Singles 81-86 e o duplo ao vivo 101, trilha do documentário que acompanhava a mega turnê do grupo nos EUA. Nesse ano o grupo foi capa da revista Bizz, então a maior publicação sobre música do país. Meu irmão, Sylvio comprou o LP Music for the Masses, de 87. "Behind the Wheel" , mais dançante, acredito que foi um hit aqui também (ou fiz dela um hit?). "Never Let me Down Again" abria o disco e, bem é fácil imaginar que fiquei louco, já que essa é provavelmente a música mais importante da banda. Vilolator foi lançado em 90 (meu irmão também comprou o LP) e "Enjoy the Silence" foi o primeiro single do disco e se tornou o maior sucesso da carreira deles. "Personal Jesus", lançada no ano anterior como single, se tornou outro imenso clássico (no futuro seria regravada por Johny Cash). Em 93 comprei o CD de Songs of Faith and Devotion, que era bem mais Rock n' Roll. Quando vieram pra cá, no ano seguinte, não pensei duas vezes.

 O grupo que era um quarteto, virou um trio após a saída de Alan Wilder em 95. Martin Gore, Dave Gahan e Andy Fletcher continuaram lançando grandes álbuns, como o Ultra de 97, mas suas gigantescas turnês que chamam mais atenção, a maioria delas lançadas em DVD e Bluray. A tour de 93/94 somou um público de dois milhões de pagantes. As últimas tem chegado a um milhão e meio de pessoas. Em 2013, tocaram uma noite para um público de 87 mil pessoas em Dusseldorf, Alemanha. 

 A Global Spirit Tour é turnê do álbum Spirit, de 2017 e começou no dia 5 de maio do ano passado e terá um total de 130 shows. Noites como em Londres, Los Angeles, Berlin, Hannover e Saint-Dennis têm tido públicos de 70 mil pessoas. Depois de Moscou, vieram pra Cidade do México, onde fizeram dois shows. Seguiram por Bogotá (16 de março), Lima (dia 18) e hoje se apresentam em Santiago. Dia 24 é a vez de La Plata, Buenos Aires. No dia 27, finalmente será a vez dos brasileiros apreciarem esse mega concerto. Alguns verão a banda novamente. Outros perderam a oportunidade em 94, terão mais uma chance. E acredito que muitos são fãs novos, que surgiram bem depois da última passagem da banda. Como meus dois filhos, Gustavo e Giovanni que estão muito felizes em poder vê-los. Mandaremos notícias.

                                            Francisco de Oliveira Junior