Com as filmagens já iniciadas, os produtores anunciaram que seria um filme "para toda a família", o que é de se estranhar quando se trata do escandaloso astro do Rock.
Eis que finalmente chegou a tão esperada obra. Bohemian Rhapsody é o título, que enaltece o sagrado clássico da banda. A expectativa não estava nas alturas, devido ao tal papo família mas os trailers eram espetaculares.
O filme mostra um pouco do Freddie antes de ser Mercury, um jovem de vida humilde, mas ciente de todo o seu talento. Ao conseguir entrar para a banda que sempre assistia na faculdade, mudou o nome para Queen e arrumou todos os meios para gravar uma demo. Ao conseguirem um agente que testemunhou as malucas gravações em estúdio, logo conseguiram um contrato com a poderosa EMI. A genialidade da banda exigia vôos mais altos, o que resultaria no disco A Night at the Opera e na maravilhosa faixa que dá nome ao filme. Mas tiveram que travar uma batalha com o executivo da gravadora que odiou a música e não aceitava de jeito nenhum, que ela fosse lançada como single. Conseguiram, mas o filme faz questão de mostrar que ela realmente foi incompreendida e foi massacrada pela crítica.
Isso não impediu que o grupo chegasse ao seu auge. O grupo ganhou o mundo e é exatamente aí que o filme se perde. Não porque deixa de ficar interessante ou divertido, mas pelos detalhes históricos. Turnês nos EUA e Japão são citadas e o Brasil tem um grande destaque, mas a cronologia está errada e ficou como se o grupo tivesse vindo ao Rock n' Rio nos anos 70. Mas esse erro deve ser perdoado pois para o roteiro, funcionou perfeitamente, dando espaço depois para a criação de outros clássicos no estúdio, como "We Will Rock You" e "Another One Bites of Dust", e para os dramas particulares do cantor.
Freddie conheceu Mary ainda na época em que ele entrou na banda. Se amavam imensamente, porém nas extensas turnês longe dela, ele foi se aprimorando em relações casuais com homens, o que foi se tornando incontrolável. Com a separação de Mary, a solidão o fez com que ele se afundasse em extravagância, bizarrices e nas drogas também. Apesar de ser um filme em que queriam "pegar leve", foi corajoso ao mostrar esses detalhes, ainda que de forma suave.
Cinebiografias de músicos, as "Biopics", são um gênero um quanto complicado. La Bamba era inocente, mas foi muito importante para o gênero. Ray, Piaf e Beach Boys são dramas pesadíssimos, mais baseados nos sofrimentos dos biografados. Era um gênero fadado à morte já que filmes recentes sobre James Brown e JImi Hendrix foram grandes fracassos. O melhor filme, até então, era The Doors, de 1991. Até então.
Bohemian Rhapsody tinha sido, até onde citei, muito agradável e divertido, realmente pode se falar que é para a família, não que isso queira dizer careta, mas que todos vão adorar. Quando está perto do final, o filme se torna eletrizante. Uma sequência arrebatadora de vinte minutos que já entrou para a história do Cinema. O ator Rami Malek dá um verdadeiro espetáculo e os atores que vivem Brian, Roger e John Deacon são ótimos e assustadoramente parecidos. Quando o filme chega ao final, estamos em êxtase e em lágrimas.
Realmente notável que um filme feito por um diretor de Blockbusters, sob pressão de um grande estúdio, sobre uma pessoa tão polêmica, consiga agradar a todos, fazer sucesso e ainda revolucionar o gênero. Um verdadeiro acontecimento.
Francisco de Oliveira Junior
Disse muito do que sentimos brother! E tivemos o privilégio de ver juntos! Um belo filme
ResponderExcluirhistórico para o Rock'n Roll.